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Por Manie El Khal, 27 de Junho para o blog Hijab•Se

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Arafah, Arafat, Jejum, Hajj, Dhul Hijjah, Sarifício, Cordeiro, Eid, Eid Al Adha, Festa, Oração... Nos últimos dias você se deparou com algum ou alguns desses termos e se questionou o que exatamente está acontecendo no "mundo islâmico"? Pode ser que sim, ou pode ser que você já esteja familizarizada(o) com a ocasião, porém, se sente deslocada(o) da "Vibe de Eid", acertei? Para ambos os casos, temos uma solução simples: conhecimento. Quanto mais buscamos, mais nos envolvemos e somos envolvidos pelas inúmeras bênçãos do Islam. Vamos falar um pouco sobre o assunto, sanar dúvidas frequentes e absorver um pouco dessas bênçãos?



Sobre o que estamos falando exatamente?

Sobre as diversas coisas que envolvem a Temporada de Hajj, que precede o segundo feriado do ano islâmico, o 'Eid Al Adha' (ou Celebração do Sacrifício). O ano Islâmico tem doze meses, cada mês com 29 ou 30 dias (já que varia de acordo com a Lua, por isso é chamado de 'Calendário Lunar'. Por conta dessa variação, os dois feriados islâmicos (o Eid Al Fitr, que sela o mês do Ramadan e o Eid Al Adha) acontecem em dias diferentes a cada ano, sendo a Festa do Sacrifício no décimo dia do último mês do ano islâmico.


"...Por um Hajj aceito não há recompensa senão o Paraíso."

Narrado por Al -Bukhari, 1773; Muslim, 1349.



Hajj - Peregrinação à Makkah

O Hajj é o quinto pilar do Islam, e é a peregrinação à Makkah (ou Meca, na Arábia Saudita) que todo muçulmano (que tiver capacidades físicas e financeiras) deve realizar pelo menos uma vez na vida. O Hajj tem diversos pilares e uma série de rituais a serem efetuados, sendo um período e processo muito sagrados. Assim, ele se inicia no primeiro dia do mês de Dhul Hijjah e é finalizado com chave de ouro ao nono dia, com um momento profundamente importante para os peregrinos e também para quem está acompanhando de casa: o dia de Arafah.



Arafah - dia de Misericórdia

Um dia amado e valorizado por todos os Profetas que já existiram, que aos olhos de Deus, é o mais querido sobre todos os outros dias, em que os pecados são perdoados e as súplicas são atendidas; um dia em que Allah SWT desce de Seu trono e diz aos anjos:

'O que essas pessoas desejam e procuram?'

Ao início do alvorecer do nono dia (o dia de Arafah), os peregrinos realizam a primeira oração e em seguida iniciam sua caminhada até o monte Arafat (também chamado de 'Monte da Misericórdia') por uma planície árida, percorrendo cerca de 20 quilômetros à leste de Makkah. Antes do meio-dia, os peregrinos chegam ao monte, onde ficam em vigília introspectiva até o fim do entardecer. Lá, eles oferecem súplicas e gratidão, contemplam em sentimentos de arrependimento sobre suas faltas e pecados passados, além de buscar a misericórdia de Deus. Além disso, nesse dia, Allah SWT desce até o último céu, ficando o mais próximo de nós, observando orgulhosamente Seus servos em adoração.


"O Profeta, que a paz e as bênçãos estejam com ele, disse: “ Em verdade, Allah SWT se orgulha aos habitantes dos Céus (isto é, os anjos) sobre o povo de Arafah, dizendo: Olhem para Meus servos. Eles vieram de longe e de perto, com cabelos desgrenhados e rostos cobertos de poeira, para buscar a Minha misericórdia… "

Fonte: Musnad Ahmad 7089



Em outro Hadith, Allah SWT continua:

... Portanto, se seus pecados forem equivalentes à quantidade de areia ou às gotas de chuva ou à espuma do mar, eu os perdoarei. Então sigam, servos Meus, tendo garantido Meu perdão pelo vós e por quem vós pedistes.”

Fonte: At-Tabarani




Pérolas desconhecidas

Alguns fatos interessantes que muitas vezes passam despercebidos (ou desconhecidos) por nós são os significados contextuais da data e localização desse dia tão repleto de bênçãos:

- Arafah significa "conhecer" e é um dia em que os peregrinos do mundo inteiro se conhecem e se unem com um mesmo propósito.

- O nome desse dia também significa "libertação do fogo" e é o dia em que Deus (Louvado Seja) mais liberta suas criaturas do inferno através de sua Misericórdia.

- O dia de Arafah foi o dia em que o Islam foi finalmente aperfeiçoado por Deus e completo como religião, após 23 anos de sua revelação;

- O monte Arafat foi o local onde o Profeta Muhammad ofereceu seu último e impactante sermão, conhecido como 'Sermão de Despedida', onde ele nos lembrou de seguir o Alcorão e a Sunnah e abordou com muita importância o racismo, a igualdade de gênero e os direitos humanos.

- Foi no monte Arafat que o Profeta Ibrahim (Abrãao) levou seu filho Ismael para o sacrifício, que é lembrado e simbolizado através do sacrifício do Eid Al Adha. Além disso, todos os rituais e passos para a realização do Hajj tem relação direta com a história e Legado de Abrãao e Ismael, de quem o Profeta Muhammad SAWS tem descendência.

- Muitos sábios acreditam que Deus fará a ressurreição dos seres humanos no Dia do Juízo acontecer no 'Monte Arafat'.


“Hoje, aperfeiçoei-vos sua religião, completei sobre vós Minha bênção e aprovei para vós o Islam como religião.”

Fonte: Alcorão - 5:3



E para quem está em casa?

Muitas pessoas enganam-se quando pensam que a importância do Hajj é apenas para aqueles que puderam fisicamente exercê-lo. As bênçãos do Hajj são inúmeras e imensuráveis, se estendendo a todos aqueles que buscarem suas dádivas, onde quer que estejam. São momentos de comunhão espiritual, renovação e purificação que recalibram nossos corações e refletem no resto do ano; Momentos onde todos os fiéis podem e devem usufruir através da aproximação sincera de Deus, buscando o perdão, renovação da fé e conexão com o divino. Então, além do arrependimento sincero e das súplicas, é desejável que busquemos nos engajar em atos de adoração como orações voluntárias, caridade, recordação de Deus, e em especial: o jejum.


O jejum é orientado para todos aqueles que não puderam realizar o Hajj, sendo importante ser observado durante os primeiros nove dias do mês, especialmente no dia de Arafah (assim como os outros atos de adoração nesse dia). Caso não seja possível, é necessário nos esforçarmos para realizar o Jejum do dia Arafah, pelo menos, pois é de grande virtude e recompensa. Além disso, o jejum é uma maneira de nos se concentrar nas nossas orações e adorações nesse período. Lembrando que o Profeta Muhammad disse:


"Jejuar no dia de Arafah traz o perdão de dois anos. Expia os pecados do ano anterior e do ano seguinte."

Fonte: Muslim.



Eid –Sacrifício e celebração

O Eid acontece no décimo dia, seguinte ao dia de Arafah. Como mencionamos anteriormente, o Eid Al Adha simboliza o sacrifício do Profeta Ibrahim e Ismael (que a paz de Deus esteja sobre eles) e sua submissão sincera à vontade de Deus quando ambos são testados em suas histórias. Deus pede em sacrifício a Abrãao seu amado filho, aquele que depois de anos de infertilidade e idade avançada, foi finalmente concedido a ele e sua esposa Ágar. O que era mais amado por eles deveria ser devolvido e ambos, pai e filho, não hesitaram em entregar aquilo que lhes era pedido. Em troca da prova de Sua submissão, Deus salvou a Ismael e confortou seus pais, substituindo o sacrifício por um cordeiro.


Lembrando esse ocorrido, depois de um ritual que envolve a memória de ambos os Profetas desde o início e em todas as suas etapas (sendo seu Legado a base do Islam), é selada assim a Temporada de Hajj com uma Celebração que honra a submissão que deu origem a tudo isso, celebrando também as nossas próprias submissões sinceras e sacrifícios pessoais nesses dias. Como é esclarecedor e se torna muito mais gostoso se conectar com a história por trás dos nossos rituais religiosos, não é? Então, aproveitemos a oportunidade e entreguemos o melhor de nós para recebermos O Melhor De Allah SWT, pois Ele está disposto a entregar. ♥ Depois disso, celebremos Seu Amor e Misericórdia, imensuráveis e preciosos.

Eid Mubarak! Um feliz Eid!



“E Ele diz: 'Meus servos vieram a mim com tanto amor

e, de fato, eu sou para eles O mais Bondoso e Misericordioso.

Prestem testemunho (Ó Anjos), de que perdoei seus pecados,

abençoei-os e concedi-lhes suas esperanças.


Fonte: Ibn Al-Qayyim Al Jawziyyah

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Manie El Khal é Arquiteta, Urbanista, ‬Designer e Escritora. Mineira e descendente de marroquinos, é amante da fé e da arte em todas as suas expressões, e mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah


 

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É oficial: Marrocos conquistou o 4º Lugar na Copa do Mundo, e juntamente, conquistou corações e admiradores no mundo inteiro, do oriente ao Ocidente, arrastando uma legião de fãs e apoiadores para ser o Campeão. Sejamos honestos: Além de um show de futebol, exibindo a melhor defesa da Copa e mostrando garra e dedicação do primeiro ao último minuto de jogo, a Seleção do Marrocos deu show de exemplo e representatividade. Não só foi a primeira Seleção africana a chegar às semifinais, como representou africanos, árabes e muçulmanos nessa missão. Transbordaram gratidão, humildade, respeito às suas famílias, e não hesitaram em demonstrar um nítido orgulho de sua fé, diante dos olhos do mundo inteiro, que na maioria das vezes, se mostra hostil em relação à mesma.

Os jogos que a Seleção disputou foram uma expressão clara do que é o fruto de um verdadeiro trabalho em equipe, dos reflexos impactantes de um técnico que acredita no seu time e impulsiona o melhor de cada um, e do quão longe eles puderam chegar por seremos movidos pela paixão pelo futebol. Através disso, eles puderam não somente vencer 5 dos 7 jogos que disputaram, como inspirar o início de uma reparação histórica ao vencer Portugal e Espanha e dar um trabalho para a última: França, para quem perdeu na semifinal. Os três países tiveram domínio do Marrocos como Colonizadores por muito tempo, sendo a França, a última a deixar o País, em 1956.

Além do mais, listamos outras 4 lições importantes que a Seleção Marroquina nos deixou nessa Copa abaixo, confira:


1. A Devoção sincera é cativante, ainda que silenciosa.

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Uma das cenas que mais foram reproduzidas nos últimos dias, atraindo fortemente os olhos do mundo ocidental, foram os momentos de prece antes dos jogos, e as prostração dos jogadores – posição importante da oração, em que os muçulmanos posicionam sua testa no chão, simbolizando a devoção unicamente a Deus e a humildade em relação a Ele, pela pequenez humana –. O que chama mais chama a atenção para a beleza disso, é que eles não somente performaram as prostrações como forma de agradecimento a Deus após os jogos em que foram vitoriosos, como igualmente o fizeram nos últimos dois jogos, em que não obtiveram o sucesso esperado.


2. O amor e o respeito prevalecem sobre todas as coisas.

A cada gol, uma prostração. A cada final de jogo, uma celebração calorosa com familiares, em especial mães, filhos e esposas, com direito a correr para a arquibancada em direção às mães, para beijá-las, abraçá-las e até mesmo dançar com elas compartilhando com elas de forma especial a alegria por essas conquistas. Quer melhor exemplo sobre o que significa na prática ser um muçulmano, sem precisar abrir a boca para falar?


"O Paraíso se encontra aos pés das mães."

– Profeta Muhammad, que a paz e bênçãos de Deus estejam sobre ele.

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3. As diferenças nos enriquecem e unem, quando permitimos.

Talvez, o jogo mais emocionante da Copa tenha sendo essa semifinal de França x Marrocos. A Seleção de um país colonizado jogando contra a Seleção de seu Colonizador. Que peso teria a vitória ou a derrota do Marrocos nisso, não é mesmo? Infelizmente, acabou em derrota (tecnicamente), mas você, leitor(a), reparou no clima que se deu após o jogo? Normalmente, a expectativa seria de rivalidade entre os times, mas o que aconteceu foi o contrário: além de abraços de consolo entre o técnico e seu time, fomos marcados por demonstrações de carinho com direito a troca de camisetas entre Hakimi (do Marrocos) e Mbape (da França), colegas no time francês Paris Saint German. E talvez você pense que isso seja apenas uma exceção por serem colegas de time, mas não foi, pois os demais jogadores também trocaram abraços, sorrisos e cumprimentos, inspirando cenas emocionantes em um momento igualmente emocionante.

Vale ressaltar, que o time que garantiu a vitória para a França, é de formação multiétnica, em que muitos jogadores são negros e de origem africana e árabe.

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4. Quando lhe dada a chance, seja a voz de quem não é ouvido.

Erga para ser erguida(o).

Tanto a Seleção como a Torcida Marroquina se recordaram da causa Palestina frente ao Mundo. Levantando bandeiras e puxando cânticos, a causa que é ignorada mundialmente, teve seu lugar garantido nos jogos e marcou presença com força. Sejamos de forma similar, quando nos for dada a chance, a voz de quem não é ouvido, e juntos, podemos amplificar algo que um dia foi esquecido. Ergamos para sermos erguidos. Que possamos estender a mão aos que necessitam e defender as causas que importam, ainda (e especialmente) que o mundo não se importe.

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Bônus: 5. A mídia segue sendo a mídia. E nós seguiremos sendo quem somos: muçulmanos.

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Por inúmeras vezes assistimos a críticas ao Islam e os muçulmanos nessa Copa, de forma ignorante. É mais do que válido criticar a postura e política de países, independente de serem de maioria islâmica, mas a religião nunca fundamenta tais posturas, e sempre sai rotulada como agente por trás disso. Repetidamente, vimos isso ocorrer na própria mídia brasileira. Imagine só, na mídia europeia e americana? Pois bem, nem a Seleção Marroquina teve escapatória. Apenas para o fim de exemplificar, além de chamar os Qataris de terroristas para não perderem o costume, a mídia foi capaz de comparar um dos jogadores Marroquinos a integrantes do ISIS; tal como ser racista e traçar um paralelo de semelhança entre uma família de macacos com as cenas em que os jogadores abraçam suas mães.


Em resumo, não importa o que façamos, enquanto a mídia se mantiver no padrão atual, nada muda. Seguirão nos rotulando, enquanto seguiremos resistindo e sendo o melhor daquilo que somos: muçulmanos. E assim como o Marrocos, pelo orgulho que carregaram por essa característica, chegaram onde chegaram, sendo indubitavelmente campeões, independente do título. E assim, igualmente seremos.


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Manie El Khal é Arquiteta, Urbanista, ‬Designer e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, é amante da fé e da arte e mescla-as para traduzir sua essência.

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