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Por Manie El Khal, 28 de Fevereiro para o blog Hijab•Se

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Quantas vezes presenciamos um apelo para o cancelamento de uma pessoa ou o boicote de uma marca após uma polêmica? Muito provavelmente, foram inúmeras vezes. Um exemplo disso tem sido a grande frequência com qual figuras públicas têm desativado as redes sociais por estarem perdendo milhares de seguidores, para evitar um prejuízo maior à sua carreira e fonte de renda. Mas de onde será que vem essa tal de "cultura do cancelamento?". Ela é algo bom? Negativo? Será que acontece só com quem possui um nível mais alto de exposição na internet, ou estamos todos suscetíveis ao cancelamento? Vamos falar um pouco sobre isso no texto de hoje.

Justiça Social ou Linchamento Virtual?


Bom... que é um assunto pesado, todos nós sabemos. Apesar de ser originalmente motivado em sua essência pelo senso de justiça social, acaba na maioria das vezes resultando em um linchamento virtual, seja de uma pessoa, grupo ou marca. Se deu início à "cultura do cancelamento" como um pensamento coletivo aproximadamente na segunda metade da década de 2010, de forma global, o que foi tomando forma e intensidade ao passar dos anos com o desenvolver das redes sociais. Vamos resumir um possível cenário de cancelamento: Alguém - normalmente com um alcance maior nas redes - publicamente comete uma ação considerada politicamente incorreta ou diz algo que pega mal, ofensivo a um determinado grupo social ou um indivíduo. A internet vê, se rebela, repercute e não só repudia tal ação ou fala, mas determina também que o "malfeitor" deve ser cancelado, o que implica em puni-lo(a) fazendo com que ele ou ela perca seguidores e seu trabalho seja invalidado a partir daquele momento, descredibilizando seu histórico da mesma forma.


Ser alvo de um cancelamento pode vir de algo tão simples como um comentário, um posicionamento - ou até mesmo a falta dele - de forma consciente ou não. Muitas pessoas acabam sendo canceladas por dizerem algo equivocado do qual não possuíam pleno conhecimento sobre, ou por expressar uma opinião genuína sem qualquer maldade. Mas é como diz o famoso ditado contemporâneo:


"Deus perdoa, a internet não."


Prós e Contras


Mas será esse tal cancelamento algo completamente negativo? A verdade é que em alguns casos, a expressão coletiva de repúdio por determinado comportamento pode ser simplesmente uma legítima repreensão em massa de algo relevantemente repreensível. Pensemos assim: protestos são uma forma de cancelamento, onde se demonstra a repreensão a injustiças e atitudes/ políticas/ ideologias negativas, evitando que elas sejam reproduzidas na sociedade. Isso não é ótimo? Temos a liberdade de expressão e o poder de derrubar o que fere direitos coletivos em nome da justiça social, mas devemos sempre estar atentem nos questionando se estamos fazendo isso da melhor forma quando realmente for necessário. Em qualquer caso, a rejeição deve estar direcionada às atitudes e falas merecedoras de cancelamento, e não a quem fez ou disse. Sim, o sujeito deve ser corrigido, e dependendo, até mesmo punido por isso, mas esse papel já não é mais nosso, certo? Afinal, o mundo dá voltas, e na roleta do cancelamento todos tem chances iguais.


"Cancelamento Solidário"


É possível sim que algumas vezes a repercussão de um cancelamento seja uma verdadeira campanha difamatória, como uma reação desproporcional e exagerada a uma atitude ou fala não intencionalmente ofensiva. A adaptação da forma de debate público contemporânea, ao ser reproduzida dessa maneira, traz grandes preocupações, tendo em vista que em alguns casos isso acaba gerando graves consequências para uma pessoa como ser humano, para além da perda de seguidores, dinheiro ou reputação. Qual era mesmo aquele termo super famoso da atualidade? Ahhhh, sim! Empatia. Ganhamos mais como sociedade - e principalmente como indivíduos - sendo empáticos e usando o diálogo para entender o outro lado e corrigir, ou cancelando? As duas opções são igualmente acessíveis, a escolha é nossa.

Cancelamentos da Vida Real


"Mas eu não cancelo ninguém, quase nem uso redes sociais". Tudo bem, mas aqui está a pergunta: e em seu círculo social? O que a sociedade reproduz na internet não é nada menos que o reflexo de quem somos em nossos círculos. Qual é a nossa reação quando sabemos de alguma irmã que em algum momento removeu o Hijab - talvez por falta de apoio em sua jornada -? E aquele irmão recém revertido que vimos cometer algo "islamicamente incorreto" - que possivelmente nem sequer sabia do erro -? Quantas situações vivemos em nosso dia a dia em que nos sentimos ofendidos por algo - muitas vezes inintencional - e retribuímos com um comportamento ríspido e cancelador, até mesmo com o nosso mais próximo e querido círculo de convivência?

"Cultura do cancelamento". Já passou da hora de dizer tchau e trazer à tona um novo método, não é? Uma "cultura" baseada em empatia, diálogo e justiça social em suas reais formas, que jamais se maquiaram de canceladoras. Na cultura do cancelamento, cada um de nós pode dar o decreto, vamos usar isso ao nosso favor. Eu cancelo essa "cultura", e você?


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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte.

Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

 

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