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(Des)conecte-se

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    Manie
  • 30 de ago. de 2020
  • 6 min de leitura

Por Manie El Khal, 30 de Agosto para o blog Hijab•Se

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Um mundo inteiro na mão. Vivemos na Era da informação, na qual temos acesso a praticamente tudo através do meio digital, desde informações jornalísticas do mundo inteiro, conteúdo acadêmico de todas as áreas ou até mesmo detalhes da vida de pessoas próximas ou desconhecidas em qualquer lugar. Tudo isso em tempo real. Ouso dizer que somos bombardeados por todo esse conteúdo diariamente que por sua volatilidade, em questão de segundos se torna obsoleto e ultrapassado, não importa o quão relevante seja. São tantas informações que é impossível acompanhar tudo com a devida atenção. Absorvemos muito sem nem saber a devida autenticidade e frequentemente nos contentamos com a superficialidade de certos conteúdos para formar nossas opiniões e termos a falsa sensação de conhecimento e sabedoria.


Estamos sempre atrás de atualizações: as notícias mais recentes, as novidades de quem seguimos nas redes sociais, as últimas tendências... e conciliamos toda essa antenação (ou possivelmente alienação?) com a correria de um dia-a-dia que se dá a um turbilhão o que muitas vezes nos é cobrado pela sociedade sem que nos demos conta. Basicamente, vivemos em ritmo acelerado, seja no modo online ou na vida real, sendo a primeira uma extensão da segunda. Mesclamo-as e muitas vezes nossas vidas de internautas se sobressaem. Independentemente do nosso meio dominante mais frequente, é importante se desconectar diariamente de todo o meio externo para nos conectarmos com o nosso propósito, gerarmos em nós o equilíbrio e tomarmos as rédeas da consciência e realidade.


Natureza Humana: Querer o Paraíso na Terra


O ser humano foi criado em um local tranquilo e prazeroso: os jardins do Éden, sob o qual correm rios, em que a paz é prevalecente e os recursos paradisíacos são perfeitamente acessíveis na companhia do Criador. Como um teste, vivemos em um universo completamente diferente, regado por tribulações, tragédias, desafios árduos e a maldade do próprio ser humano. Contudo, somos agraciados com o equilíbrio Divino através de conquistas individuais ou coletivas , dádivas, sentimentos e momentos positivos e pessoas que mais parecem anjos. Ambos se misturam na vida, pois não possuímos o controle dela, tampouco das circunstâncias universais e o comportamento alheio. Dessa forma, cabe a nós tomar a responsabilidade pelo nosso próprio comportamento, a forma que reagimos a tais circunstâncias, nos afastarmos da negatividade dentro de nossas capacidades e o buscarmos o máximo de proximidade com o que temos de bom (e a melhor parte é: a maioria dessas coisas é de graça e certamente não tem preço).


O problema do estilo de vida que temos adotado de modo geral na Sociedade moderna contemporânea é que estamos o tempo todo em contato com muito: muito do bom e muito do ruim. Com isso acabamos por criar vícios e dependências, comodidade e estagnação em nossas zonas de conforto, assim como podemos também nos impactar fortmente com a quantidade constante de negatividade, ou o contrário: chegar ao ponto de nos acostumarmos com situações absurdas e não fazermos nada para mudá-las pois é o novo "normal".


Lembrando: isso não ocorre apenas no meio virtual. A vida real também tem seus próprios desafios. Somos a geração que vive a milhão e na qual é admirável dar seu máximo sem pausas. O novo padrão é formado por uma rotina conturbada, a expectativa de vivermos as melhores experiências e darmos nosso máximo em todas as infinitas responsabilidades que assumimos. Cobramos de nós mesmos sermos bem sucedidos na carreira, independentes financeiramente, conquistar, construir e cuidar de um lar, nutrir o relacionamento perfeito, conciliar rotina de exercícios físicos, estudos, espiritualidade, descanso, socialização e assim sucessivamente. E tudo bem almejar tudo isso, mas de qual forma e a que custo? Fomos criados em um local onde tudo era perfeito e tínhamos acesso a tudo que almejávamos, assim, aqui nossa natureza é querer muito, querer tudo e sempre mais, em uma vida finita de recursos finitos e na qual todo um cenário imperfeito pararelamente faz a cena.



Silencie. Desacelere. Respire.


Equilíbrio e moderação são palavras-chave, e como muçulmanas(os), a vida que o Porfeta Muhammad, sua família e companheiros (que Deus esteja satisfeito com todos) levaram é o mais perfeito exemplo disso para que possamos nos espelhar. As blogueiras e celebridades que acompanhamos ou até aquela amiga ou casal que parecem ter a vida sob controle vivem sob a mesma pressão e contexto social conturbado do tempo em que vivemos. Nem tudo é como parece, todos nós somos humanos e temos nossas próprias limitações. Por essa razão, devemos ter mais empatia com o outro e especialmente com nós mesmos para que possamos crescer juntos saudavelmente.


O estilo de vida acelerado contemporâneo é nocivo de várias formas, mas não estamos aqui apenas para pontuar as dificuldades, e sim, para inpirarmos uma solução saudável para isso. Sempre gosto de lembrar que o Islam nos dá a resposta para toda e qualquer coisa, e que não é simplesmente uma religião que nos nutre espiritualmente, mas é um estilo de vida completo e universal que nos orienta de maneira funcional, racional e real em absolutamente todos os assuntos, seja como indivíduos ou como sociedade.


Dessa forma, o estilo de vida que nos é recomendado se constrói sobre valores de pureza, positividade, equilíbrio, visando a saúde física, mental e espiritual de cada um — e de uma sociedade como um todo —. Sim, continuamos buscando a excelência em todas os nossos compromissos inclusive, isso é encorajado e foi um princípio muito bem aplicado pelo Profeta, família e companheiros entretanto, fazemos isso nos lembrando sempre de manter em dia nossas intenções, o que define tudo. Seja lá o que fizermos, isso deve ser feito buscando o bem estar individual e comum, o desenvolvimento pessoal e coletivo e o envolvimento equilibrado e saudável buscando um mundo ou pelo menos um círculo melhor e consequentemente a satisfação Divina. Nos é ensinado a preservar o direito de todos: inclusive os direitos dos nossos corpos sobre nós mesmos. Foi narrado que uma mulher procurou o Profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele) se queixando sobre a negligência de seu esposo com a relação íntima do casal porque ele passava a noite em oração. O Profeta como resposta explicitou: temos nossas responsabilidades com Allah, mas isso não exclui nossas responsabilidades com nossos esposos, filhos, familiares, e nós mesmos. Se foi dito isso acerca da nossa adoração, o que dizer sobre os assuntos mundanos que constantemente roubam toda nossa energia?


Dito isso, desacelere. Respire. Desconecte-se para se reconectar com o que realmente importa. Não digo apenas vez ou outra, mas diariamente. Allah em Sua sabedoria moldou nosso dia como muçulmanos de forma a nos garantir esses momentos de respiro através das cinco orações, por exemplo. Quando ouvimos o chamado do oração, não importa se estamos trabalhando, estudando, em uma congregação prazerosa ou até mesmo em uma situação estressante: é o momento de parar por alguns instantes e reconhecer nosso propósito.



Allahu Akbar a realidade pertence a Deus, volte-se a Ele.


Em cada uma das etapas da oração repetimos "Allahu Akbar" (Deus é O Maior), e passa despercebida a essência disso. Entramos em oração e Deus (em Sua Onisciência) volta toda a Sua atenção a Nós. É como se não houvesse mais nada fora disso e Ele participa da conversa nos abrindo espaço para chorarmos nossas dores, vibrarmos nossas alegrias demonstrando gratidão ou pedirmos o que desejamos em nossa vida o que Ele aprecia que façamos pois reconhecemos assim que Ele é o Único que pode nos prover . Mesmo que nossa mente vagueie durante a oração, a cada vez que dizemos "Allahu Akbar" somos trazidos ao centro de conforto novamente lembrando que Deus é maior do que qualquer coisa que passe pela nossa mente. Repetimos Allahu Akbar porque certamente Ele, Seu amor, Cuidado e Misericórdia são maiores do que tudo, especificamente tudo que deixamos para trás para nos encontrarmos naquele momento de oração, dentre desafios e prazeres, não importa o quão grandes sejam.


Tendo em vista que isso é um hábito diário, internalizemos então o poder dessa dádiva e estendamos isso para nossas vidas como um todo. Desacelere. Respire. Lembre-se do seu propósito. Dê a si o descanso, nutrição e cuidado necessários e vá em busca dos seus objetivos com as intenções corretas, a energia e o esforço também na medida, sem ultrapassar suas capacidades nem desacreditar delas. Largue o celular e desligue o noticiário quando for preciso. Pare de se comparar à vida alheia, estamos todos em jornadas diferentes. Desconecte-se sempre que puder: da internet ou da rotina; das cobranças e das expectativas; dos vícios e prazeres em excesso; da realidade e da bagunça lá fora. Conecte-se com Deus, consigo e com quem te eleva e volte nutrida(o), consciente, em paz e muito mais forte para encarar tudo outra vez.

Lembre-se: para isso, é muito mais simples do que parece. Apenas (des)conecte-se.


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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte.

Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

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