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Hijab: Além do que os olhos alcançam

  • Foto do escritor: Manie
    Manie
  • 19 de jul. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 31 de jul. de 2020

Por Manie El Khal, 19 de Julho de 2019 para o blog Hijab • Se

“O que o Hijab significa para você?”


Há algumas semanas, fizemos essa pergunta em nossas redes sociais e muitas das respostas recebidas, demonstraram a mistura de sentimentos compartilhados por nós, mulheres muçulmanas.


Quem usa o Hijab compreende que ele vai muito além de um código de vestimenta: representando força, liberdade e independência, é a mais bela expressão de fé e um processo que ocorre de dentro para fora, a partir da convicção de que o valor da mulher se encontra em algo muito mais grandioso que seu corpo: ela mesma – e todo o potencial que carrega consigo.


Afinal, o que é o Hijab?

O Hijab, traduzido do árabe (حجاب), denota “cobertura”, “barreira” e “proteção” e consiste não somente no vestuário islâmico que preza pela privacidade e modéstia, como também se refere à postura e o comportamento dos indivíduos de acordo com tais princípios."

Ao contrário do que se pensa, ele não é exclusivo às mulheres muçulmanas – sendo orientado por Deus em revelações prévias e utilizado pelas mulheres cristãs e judias no passado, por exemplo –. Além disso, assim como todos os princípios religiosos dentro da fé muçulmana, é uma orientação que não se limita somente às mulheres, sendo igualmente aplicada aos homens – sim, eles também! –. No entanto, devido às suas naturezas distintas – o que inclui os atrativos de cada um –, as instruções do que deve ser resguardado também diferem. Contudo, isso não significa que o Hijab seja mais restritivo ou liberal para um em função do outro, apenas se adapta de formas distintas. Tampouco isso queira dizer que o nível de modéstia demandado das partes seja desigual, visto que o princípio se estende muito além das roupas e o aspecto físico.


Sendo assim, apesar da mulher levar uma peça de roupa a mais – um véu que cobre um dos seus principais atrativos: o cabelo –, ela leva consigo também algo honroso. Uma mulher muçulmana é inconfundível com o uso do Hijab e com isso, se torna uma representante da fé, carregando uma nobre responsabilidade, confiada a ela exatamente por sua capacidade para tal função. Para nós, isso corresponde a uma vantagem em relação aos homens, não o contrário. Além do mais, ao tratar do Hijab, o Alcorão – Livro Sagrado que orienta os muçulmanos – não aborda a figura feminina primeiro, ordenando que os homens não olhem para as mulheres inadequadamente – independente do que ela estiver vestindo – e não sejam promíscuos.

O significado do Hijab para as mulheres que praticam o Islam está fortemente relacionado à internalização da essência dele. Porém, não condiz a ideia de que quem não faz o uso deste se encontra em um patamar inferior. A religião muçulmana vê os seres humanos como únicos e dignos de respeito. Além disso, – como o próprio Hijab estima –, a fé enxerga o valor de cada indivíduo a partir do que ele apresenta em seu interior, não através de aspectos externos.


Dessa maneira, embora seja uma ordem e orientação de Deus, a iniciativa de usar o Hijab diz respeito ao momento da mulher com sua fé e consigo mesma, sendo uma escolha e processo pessoal unicamente seu. Isso deve resultar da internalização desse princípio, sem a necessidade de qualquer pressão social, tampouco a influência da figura masculina. O que lamentavelmente ocorre em alguns casos, é a sociedade tornar essa experiência em uma imposição ou fardo sobre a mulher, fazendo dela uma obrigação e expectativa mais social que religiosa, sem dar a ela a chance de se preparar para abraçar esse processo. Tal preparo é fundamental e é um privilégio que muitas revertidas acabam não tendo. Vale ressaltar que as primeiras mulheres a serem muçulmanas na história foram revertidas, não nascidas na religião. Ao longo de vinte e três anos da revelação do Alcorão ao Profeta Muhammad – que a paz de Deus esteja com ele –, a nação islâmica se adaptava ao novo modo de vida gradualmente. Isso se aplica também à revelação que aborda o Hijab, a qual foi feita de forma gradativa, quando as mulheres já possuíam a compreensão e convicção sobre a importância do mesmo e se encontravam mais firmes na fé. Da mesma forma, as novas muçulmanas que abraçam a fé nos dias de hoje sentem a necessidade de primeiramente estruturá-la, permitindo que a adaptação se dê aos poucos e naturalmente à medida que isso ocorre, ao invés de terem um novo modo de vestir como aspecto prioritário – correndo o risco de perderem essa conexão com o Hijab futuramente –. Isso é inclusive compreendido pelo Islam, visto que é uma mudança que ocorre nos corações e se manifesta mais tarde no exterior, não o contrário.


É importante lembrar, por fim, que o Hijab é uma jornada individual entre a mulher e seu Criador e embora nem todas as jornadas sejam iguais – nem se espera que sejam –, estamos todas juntas neste caminho. Por isso, deixe-nos ser mais compassivas em relação ao tempo de cada uma, assim como o Profeta o era com seus companheiros e suas esposas. Que nos recordemos que o intuito do Hijab visa libertar, proteger e honrar a mulher, para que dessa forma impulsionemos tais princípios, libertando, protegendo e honrando nossas irmãs na fé. Afinal, somos todas mulheres muçulmanas em busca de um mesmo objetivo: a satisfação de Deus quando for removida a separação entre nós e Ele.




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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e colunista da Hijab • Se.

Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte. Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.


Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

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