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Quando a luta é silenciosa #SetembroAmarelo

  • Foto do escritor: Manie
    Manie
  • 14 de set. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 14 de set. de 2020

Por Manie El Khal, 14 de Setembro para o blog Hijab•Se

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Setembro Amarelo, todo mundo já ouviu falar. Mas o que podemos refletir com isso é bem mais pessoal e no texto de hoje, faremos isso juntas(os). O Movimento existe desde 2015 no Brasil, iniciativa do CVV (Centro de Valorização da Vida), Conselho Federal de Medicina e a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Foi criada com o intuito de trazer maior conscientização acerca do assunto e auxiliar na prevenção ao suicídio, associando a data ao mês do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).


Ansiedade, depressão, transtornos psicológicos, saúde mental... Todos temas extremamente pertinentes na sociedade e tempo em que vivemos. O Brasil lidera o Ranking de pessoas com ansiedade no mundo inteiro, sendo 18.6 milhões de pessoas sofrendo com isso até 2017. Quanto à Depressão, saímos na frente de todos os países da América Latina e ficamos apenas atrás dos Estados Unidos no continente Americano como um todo, com 11.5 milhões de casos da doença (OMS, 2017). É importante ressaltar que existem ainda casos de pessoas com ansiedade e depressão simultâneas, além de outros transtornos ainda mais agravantes da doença e favoráveis ao suicídio. Também segundo dados Oficiais, até o ano de 2014, o Brasil era o oitavo país no mundo em taxa de suicídio, onde cerca de 32 pessoas tiram suas próprias vidas diariamente.


Estranho uma problemática tão chocante e com números elevados ser pouco discutida. Culturalmente (e de modo geral, globalmente), a inclinação de uma pessoa é de omitir situações de sofrimento, porque frequentemente isso é assimilado a fraqueza pela sociedade e tememos ser julgados ou vítimas de chacota no que diz respeito às nossas emoções. Em momentos difíceis, a tendência é de uma atitude de reclusão, buscar um refúgio no silêncio, na solitude e na compreensão das próprias emoções (ou o agravamento delas). Embora possa ser saudável passar um tempo só refletindo, existe um limite que deve ser policiado e respeitado por nós mesmos, pois uma imersão profunda e duradoura em situações angustiantes pode se desenvolver em algo muito maior, no qual quanto mais profundo se insere, mais cômodo parece ser se manter lá e mais trabalhoso é sair de um episódio prolongado de sofrimento, exaustão e desesperança.


Para alguns, isso não passa de "mimimi", "drama", "vitimismo" e afins, o que definitivamente não é o caso. Saúde mental é algo delicado e requer muita atenção e cuidado. Como seres humanos vivendo em sociedade e cujo respeito mútuo é chave, isso é o mínimo que podemos fazer uns pelos outros, respeitando inclusive as condições psicológicas alheias e evitando impor a elas uma carga ainda maior. Depressão, ansiedade e outros transtornos psicológicos podem ser fatais, e ninguém escolhe ser ou não vítima disso. Pode ser conosco ou com alguém que amamos, então, nosso papel a partir disso é nos educarmos melhor para sabermos lidar de forma correta com esse problema, seja no quesito pessoal ou alheio. Assim, podemos evitar ao máximo que isso chegue a um nível irreversível.


Trazendo para o lado mais íntimo, se pergunte: você já passou por algo traumático que desencadeou um episódio depressivo? É normal passar por algumas situações assim na vida, mas quando estamos imersos nisso parece algo inacabável e que não ter saída, não é mesmo? Para quem sofre de males como a ansiedade e a depressão, isso não é algo momentâneo, sendo sempre predominantes o desespero, pânico, insegurança, exaustão e desmotivação típicas. Sentir tudo isso por muito tempo (de forma progressiva), se sentir completamente sozinho lutando contra os próprios sussurros e se ver sem saída em meio a todo esse caos interno (além do constante gatilho externo) é uma barra e tanto.


A gota d'água sempre vem como algo surpreendente e inimaginável, porém, não é, e há grandes chances disso ter sido indiretamente comunicado diversas vezes. Embora em grande parte dos casos a pessoa evite falar abertamente sobre sua situação, há outras em que isso é perfeitamente manifesto, porém não é tratado como deve, sendo levado apenas como uma simples "tristeza" ou algo normal e passageiro. Em qualquer um dos casos, com a intensificação dos sintomas da depressão ou quaisquer transtornos com traços depressivos acentuados, à medida que o nível do problema avança é possível notar diferenças claras de comportamento, mesmo que se tente camuflá-los. Isolamento frequente, insônia, perda de apetite ou consumo excessivo, mudanças de hábitos, excesso de sonolência não usual, fadiga constante, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas... são apenas alguns sinais que podem ser facilmente identificados, o que cabe a nós, (nós mesmos, amigos, familiares) notar e oferecer a melhor ajuda, desde o ombro amigo à (essencialmente) ajuda profissional.


Muitas vezes é difícil para a própria vítima compreender que o que está acontecendo tem raízes mais profundas, e assim, tende-se a existir o sentimento de culpa, que é frequentemente impulsionado pelas cobranças externas. Assimila-se a manifestação dos sintomas a meras "preguiça", "irresponsabilidade", "folga", "frescura", entre outros, o que faz com que a vítima se sinta ainda pior, ressalte suas falhas, se sinta "um peso", "insignificante" e cada vez menos veja sua importância para o mundo e as pessoas que a amam, especialmente quando o meio externo encoraja esses pensamentos. Isso é grave e é muito fácil permitir ou até mesmo impulsionar alguém inintencionalmente a chegar a esse ponto com nossas palavras, atitudes e/ ou indiferença.


Nesse Setembro amarelo, nos recordemos de fazer a nossa parte para além da Hashtag e as luzes amarelas. O problema está mais próximo do que percebemos e a solução está em cada um de nós. Que nossos esforços estejam direcionados a sensibilizar nosso olhar em nossas relações, cuidando de quem temos e especialmente, de nós mesmos para que possamos estar bem para cuidar do outro. Que possamos assim perceber os pedidos de socorro nas entrelinhas. Que internalizemos nosso poder de impactar as pessoas através de cada interação, dessa forma, oferecendo sempre a gentileza, o sorriso e um encorajamento a cada um que passa por nosso caminho, inclusive aos desconhecidos. Nunca sabemos o fardo que alguém carrega, sejamos então a brisa de ar fresco que os traz leveza, facilita, encoraja, permite descansar e renova as esperanças de se poder respirar e ver a luz novamente, dessa vez sem fardos.

Sejamos essas pessoas,

para além de Setembro.

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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte.

Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

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