top of page
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon

BLOG

Por Manie El Khal, 27 de Junho para o blog Hijab•Se

ree

Arafah, Arafat, Jejum, Hajj, Dhul Hijjah, Sarifício, Cordeiro, Eid, Eid Al Adha, Festa, Oração... Nos últimos dias você se deparou com algum ou alguns desses termos e se questionou o que exatamente está acontecendo no "mundo islâmico"? Pode ser que sim, ou pode ser que você já esteja familizarizada(o) com a ocasião, porém, se sente deslocada(o) da "Vibe de Eid", acertei? Para ambos os casos, temos uma solução simples: conhecimento. Quanto mais buscamos, mais nos envolvemos e somos envolvidos pelas inúmeras bênçãos do Islam. Vamos falar um pouco sobre o assunto, sanar dúvidas frequentes e absorver um pouco dessas bênçãos?



Sobre o que estamos falando exatamente?

Sobre as diversas coisas que envolvem a Temporada de Hajj, que precede o segundo feriado do ano islâmico, o 'Eid Al Adha' (ou Celebração do Sacrifício). O ano Islâmico tem doze meses, cada mês com 29 ou 30 dias (já que varia de acordo com a Lua, por isso é chamado de 'Calendário Lunar'. Por conta dessa variação, os dois feriados islâmicos (o Eid Al Fitr, que sela o mês do Ramadan e o Eid Al Adha) acontecem em dias diferentes a cada ano, sendo a Festa do Sacrifício no décimo dia do último mês do ano islâmico.


"...Por um Hajj aceito não há recompensa senão o Paraíso."

Narrado por Al -Bukhari, 1773; Muslim, 1349.



Hajj - Peregrinação à Makkah

O Hajj é o quinto pilar do Islam, e é a peregrinação à Makkah (ou Meca, na Arábia Saudita) que todo muçulmano (que tiver capacidades físicas e financeiras) deve realizar pelo menos uma vez na vida. O Hajj tem diversos pilares e uma série de rituais a serem efetuados, sendo um período e processo muito sagrados. Assim, ele se inicia no primeiro dia do mês de Dhul Hijjah e é finalizado com chave de ouro ao nono dia, com um momento profundamente importante para os peregrinos e também para quem está acompanhando de casa: o dia de Arafah.



Arafah - dia de Misericórdia

Um dia amado e valorizado por todos os Profetas que já existiram, que aos olhos de Deus, é o mais querido sobre todos os outros dias, em que os pecados são perdoados e as súplicas são atendidas; um dia em que Allah SWT desce de Seu trono e diz aos anjos:

'O que essas pessoas desejam e procuram?'

Ao início do alvorecer do nono dia (o dia de Arafah), os peregrinos realizam a primeira oração e em seguida iniciam sua caminhada até o monte Arafat (também chamado de 'Monte da Misericórdia') por uma planície árida, percorrendo cerca de 20 quilômetros à leste de Makkah. Antes do meio-dia, os peregrinos chegam ao monte, onde ficam em vigília introspectiva até o fim do entardecer. Lá, eles oferecem súplicas e gratidão, contemplam em sentimentos de arrependimento sobre suas faltas e pecados passados, além de buscar a misericórdia de Deus. Além disso, nesse dia, Allah SWT desce até o último céu, ficando o mais próximo de nós, observando orgulhosamente Seus servos em adoração.


"O Profeta, que a paz e as bênçãos estejam com ele, disse: “ Em verdade, Allah SWT se orgulha aos habitantes dos Céus (isto é, os anjos) sobre o povo de Arafah, dizendo: Olhem para Meus servos. Eles vieram de longe e de perto, com cabelos desgrenhados e rostos cobertos de poeira, para buscar a Minha misericórdia… "

Fonte: Musnad Ahmad 7089



Em outro Hadith, Allah SWT continua:

... Portanto, se seus pecados forem equivalentes à quantidade de areia ou às gotas de chuva ou à espuma do mar, eu os perdoarei. Então sigam, servos Meus, tendo garantido Meu perdão pelo vós e por quem vós pedistes.”

Fonte: At-Tabarani




Pérolas desconhecidas

Alguns fatos interessantes que muitas vezes passam despercebidos (ou desconhecidos) por nós são os significados contextuais da data e localização desse dia tão repleto de bênçãos:

- Arafah significa "conhecer" e é um dia em que os peregrinos do mundo inteiro se conhecem e se unem com um mesmo propósito.

- O nome desse dia também significa "libertação do fogo" e é o dia em que Deus (Louvado Seja) mais liberta suas criaturas do inferno através de sua Misericórdia.

- O dia de Arafah foi o dia em que o Islam foi finalmente aperfeiçoado por Deus e completo como religião, após 23 anos de sua revelação;

- O monte Arafat foi o local onde o Profeta Muhammad ofereceu seu último e impactante sermão, conhecido como 'Sermão de Despedida', onde ele nos lembrou de seguir o Alcorão e a Sunnah e abordou com muita importância o racismo, a igualdade de gênero e os direitos humanos.

- Foi no monte Arafat que o Profeta Ibrahim (Abrãao) levou seu filho Ismael para o sacrifício, que é lembrado e simbolizado através do sacrifício do Eid Al Adha. Além disso, todos os rituais e passos para a realização do Hajj tem relação direta com a história e Legado de Abrãao e Ismael, de quem o Profeta Muhammad SAWS tem descendência.

- Muitos sábios acreditam que Deus fará a ressurreição dos seres humanos no Dia do Juízo acontecer no 'Monte Arafat'.


“Hoje, aperfeiçoei-vos sua religião, completei sobre vós Minha bênção e aprovei para vós o Islam como religião.”

Fonte: Alcorão - 5:3



E para quem está em casa?

Muitas pessoas enganam-se quando pensam que a importância do Hajj é apenas para aqueles que puderam fisicamente exercê-lo. As bênçãos do Hajj são inúmeras e imensuráveis, se estendendo a todos aqueles que buscarem suas dádivas, onde quer que estejam. São momentos de comunhão espiritual, renovação e purificação que recalibram nossos corações e refletem no resto do ano; Momentos onde todos os fiéis podem e devem usufruir através da aproximação sincera de Deus, buscando o perdão, renovação da fé e conexão com o divino. Então, além do arrependimento sincero e das súplicas, é desejável que busquemos nos engajar em atos de adoração como orações voluntárias, caridade, recordação de Deus, e em especial: o jejum.


O jejum é orientado para todos aqueles que não puderam realizar o Hajj, sendo importante ser observado durante os primeiros nove dias do mês, especialmente no dia de Arafah (assim como os outros atos de adoração nesse dia). Caso não seja possível, é necessário nos esforçarmos para realizar o Jejum do dia Arafah, pelo menos, pois é de grande virtude e recompensa. Além disso, o jejum é uma maneira de nos se concentrar nas nossas orações e adorações nesse período. Lembrando que o Profeta Muhammad disse:


"Jejuar no dia de Arafah traz o perdão de dois anos. Expia os pecados do ano anterior e do ano seguinte."

Fonte: Muslim.



Eid –Sacrifício e celebração

O Eid acontece no décimo dia, seguinte ao dia de Arafah. Como mencionamos anteriormente, o Eid Al Adha simboliza o sacrifício do Profeta Ibrahim e Ismael (que a paz de Deus esteja sobre eles) e sua submissão sincera à vontade de Deus quando ambos são testados em suas histórias. Deus pede em sacrifício a Abrãao seu amado filho, aquele que depois de anos de infertilidade e idade avançada, foi finalmente concedido a ele e sua esposa Ágar. O que era mais amado por eles deveria ser devolvido e ambos, pai e filho, não hesitaram em entregar aquilo que lhes era pedido. Em troca da prova de Sua submissão, Deus salvou a Ismael e confortou seus pais, substituindo o sacrifício por um cordeiro.


Lembrando esse ocorrido, depois de um ritual que envolve a memória de ambos os Profetas desde o início e em todas as suas etapas (sendo seu Legado a base do Islam), é selada assim a Temporada de Hajj com uma Celebração que honra a submissão que deu origem a tudo isso, celebrando também as nossas próprias submissões sinceras e sacrifícios pessoais nesses dias. Como é esclarecedor e se torna muito mais gostoso se conectar com a história por trás dos nossos rituais religiosos, não é? Então, aproveitemos a oportunidade e entreguemos o melhor de nós para recebermos O Melhor De Allah SWT, pois Ele está disposto a entregar. ♥ Depois disso, celebremos Seu Amor e Misericórdia, imensuráveis e preciosos.

Eid Mubarak! Um feliz Eid!



“E Ele diz: 'Meus servos vieram a mim com tanto amor

e, de fato, eu sou para eles O mais Bondoso e Misericordioso.

Prestem testemunho (Ó Anjos), de que perdoei seus pecados,

abençoei-os e concedi-lhes suas esperanças.


Fonte: Ibn Al-Qayyim Al Jawziyyah

ree

Manie El Khal é Arquiteta, Urbanista, ‬Designer e Escritora. Mineira e descendente de marroquinos, é amante da fé e da arte em todas as suas expressões, e mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah


 

ree

É oficial: Marrocos conquistou o 4º Lugar na Copa do Mundo, e juntamente, conquistou corações e admiradores no mundo inteiro, do oriente ao Ocidente, arrastando uma legião de fãs e apoiadores para ser o Campeão. Sejamos honestos: Além de um show de futebol, exibindo a melhor defesa da Copa e mostrando garra e dedicação do primeiro ao último minuto de jogo, a Seleção do Marrocos deu show de exemplo e representatividade. Não só foi a primeira Seleção africana a chegar às semifinais, como representou africanos, árabes e muçulmanos nessa missão. Transbordaram gratidão, humildade, respeito às suas famílias, e não hesitaram em demonstrar um nítido orgulho de sua fé, diante dos olhos do mundo inteiro, que na maioria das vezes, se mostra hostil em relação à mesma.

Os jogos que a Seleção disputou foram uma expressão clara do que é o fruto de um verdadeiro trabalho em equipe, dos reflexos impactantes de um técnico que acredita no seu time e impulsiona o melhor de cada um, e do quão longe eles puderam chegar por seremos movidos pela paixão pelo futebol. Através disso, eles puderam não somente vencer 5 dos 7 jogos que disputaram, como inspirar o início de uma reparação histórica ao vencer Portugal e Espanha e dar um trabalho para a última: França, para quem perdeu na semifinal. Os três países tiveram domínio do Marrocos como Colonizadores por muito tempo, sendo a França, a última a deixar o País, em 1956.

Além do mais, listamos outras 4 lições importantes que a Seleção Marroquina nos deixou nessa Copa abaixo, confira:


1. A Devoção sincera é cativante, ainda que silenciosa.

ree

Uma das cenas que mais foram reproduzidas nos últimos dias, atraindo fortemente os olhos do mundo ocidental, foram os momentos de prece antes dos jogos, e as prostração dos jogadores – posição importante da oração, em que os muçulmanos posicionam sua testa no chão, simbolizando a devoção unicamente a Deus e a humildade em relação a Ele, pela pequenez humana –. O que chama mais chama a atenção para a beleza disso, é que eles não somente performaram as prostrações como forma de agradecimento a Deus após os jogos em que foram vitoriosos, como igualmente o fizeram nos últimos dois jogos, em que não obtiveram o sucesso esperado.


2. O amor e o respeito prevalecem sobre todas as coisas.

A cada gol, uma prostração. A cada final de jogo, uma celebração calorosa com familiares, em especial mães, filhos e esposas, com direito a correr para a arquibancada em direção às mães, para beijá-las, abraçá-las e até mesmo dançar com elas compartilhando com elas de forma especial a alegria por essas conquistas. Quer melhor exemplo sobre o que significa na prática ser um muçulmano, sem precisar abrir a boca para falar?


"O Paraíso se encontra aos pés das mães."

– Profeta Muhammad, que a paz e bênçãos de Deus estejam sobre ele.

ree
ree

3. As diferenças nos enriquecem e unem, quando permitimos.

Talvez, o jogo mais emocionante da Copa tenha sendo essa semifinal de França x Marrocos. A Seleção de um país colonizado jogando contra a Seleção de seu Colonizador. Que peso teria a vitória ou a derrota do Marrocos nisso, não é mesmo? Infelizmente, acabou em derrota (tecnicamente), mas você, leitor(a), reparou no clima que se deu após o jogo? Normalmente, a expectativa seria de rivalidade entre os times, mas o que aconteceu foi o contrário: além de abraços de consolo entre o técnico e seu time, fomos marcados por demonstrações de carinho com direito a troca de camisetas entre Hakimi (do Marrocos) e Mbape (da França), colegas no time francês Paris Saint German. E talvez você pense que isso seja apenas uma exceção por serem colegas de time, mas não foi, pois os demais jogadores também trocaram abraços, sorrisos e cumprimentos, inspirando cenas emocionantes em um momento igualmente emocionante.

Vale ressaltar, que o time que garantiu a vitória para a França, é de formação multiétnica, em que muitos jogadores são negros e de origem africana e árabe.

ree
ree

4. Quando lhe dada a chance, seja a voz de quem não é ouvido.

Erga para ser erguida(o).

Tanto a Seleção como a Torcida Marroquina se recordaram da causa Palestina frente ao Mundo. Levantando bandeiras e puxando cânticos, a causa que é ignorada mundialmente, teve seu lugar garantido nos jogos e marcou presença com força. Sejamos de forma similar, quando nos for dada a chance, a voz de quem não é ouvido, e juntos, podemos amplificar algo que um dia foi esquecido. Ergamos para sermos erguidos. Que possamos estender a mão aos que necessitam e defender as causas que importam, ainda (e especialmente) que o mundo não se importe.

ree










Bônus: 5. A mídia segue sendo a mídia. E nós seguiremos sendo quem somos: muçulmanos.

ree

Por inúmeras vezes assistimos a críticas ao Islam e os muçulmanos nessa Copa, de forma ignorante. É mais do que válido criticar a postura e política de países, independente de serem de maioria islâmica, mas a religião nunca fundamenta tais posturas, e sempre sai rotulada como agente por trás disso. Repetidamente, vimos isso ocorrer na própria mídia brasileira. Imagine só, na mídia europeia e americana? Pois bem, nem a Seleção Marroquina teve escapatória. Apenas para o fim de exemplificar, além de chamar os Qataris de terroristas para não perderem o costume, a mídia foi capaz de comparar um dos jogadores Marroquinos a integrantes do ISIS; tal como ser racista e traçar um paralelo de semelhança entre uma família de macacos com as cenas em que os jogadores abraçam suas mães.


Em resumo, não importa o que façamos, enquanto a mídia se mantiver no padrão atual, nada muda. Seguirão nos rotulando, enquanto seguiremos resistindo e sendo o melhor daquilo que somos: muçulmanos. E assim como o Marrocos, pelo orgulho que carregaram por essa característica, chegaram onde chegaram, sendo indubitavelmente campeões, independente do título. E assim, igualmente seremos.


ree















Manie El Khal é Arquiteta, Urbanista, ‬Designer e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, é amante da fé e da arte e mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah


 

Atualizado: 20 de nov. de 2022

Por Gabriela Amin, 20 de Novembro para o blog Hijab•Se

ree

Hoje, 20 de Novembro, recordamos mais um dia de "Consciência Negra", em um mundo que essa recordação deve ser essencialmente diária, não apenas limitada a uma data com programações especiais e efêmeras. A Consciência, respeito, apreciação da Negritude é muito complexa e urgente para ser reduzida a um momento, e a luta antirracista deve ser compartilhada por cada um de nós, especialmente quando somos ensinados a isso pela nossa fé. Com isso, gostaria de refletir acerca da importância de um assunto: por que todo o muçulmano deve aprender sobre o Islam na África (mesmo os de origem árabe).


"Imite os negros, pois dentre eles estão três habitantes do paraíso: Luqman, o sábio; Negus o imperador da Abissínia; e Bilal o muezzin."


Um dos ensinamentos do Islam é de que há um vazio no coração do ser humano - independente de sua origem - que só pode ser preenchido por Deus. E que todos estamos sujeitos à vontade e ao poder d'Ele. Quem se chama "muçulmano" é somente alguém que reconheceu sua situação.


A disposição natural de se entregar a Deus é igual em todos. Por isso, é errado associar o Islam a somente um grupo étnico ou nacionalidade. Apesar disso, mesmo livros de história escritos por "mestres" e "doutores" no assunto apresentam o Islam como uma revolução cultural árabe. Porém, quando olhamos para a primeira comunidade muçulmana, em Madinah, vemos um cenário muito mais diverso. Na cidade iluminada viviam, além de árabes, pessoas de diferentes origens, como persas, curdos e judeus étnicos. Porém, um grupo se destacava após os árabes: os abissínios.


A África é parte da história do Islam


Há 14 séculos, o Profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele) liderava, em Madinah, a oração fúnebre do Rei da Abissínia, Al-Najashi. Ele marcou a história islâmica por acolher muçulmanos fugindo da opressão dos árabes pagãos, e se tornou o primeiro líder de estado a aceitar a mensagem do Islam, escondido de seus servos. Também em seu Reino, foi construída a primeira Mesquita após a revelação do Alcorão. O Masjid al-Qiblatayn, fica onde hoje é a Somália e foi construído antes da Mesquita que leva o mesmo nome, em Madinah, por esse grupo de refugiados e de abissínios locais que se converteram.


Atualmente existem mais muçulmanos na África do que em todo o Oriente Médio. Mais muçulmanos na "África Subsaariana" do que em todo o Norte da África. Podemos ressaltar fatos desde a primeira comunidade muçulmana, à forma como o Islam se espalhou no Continente Africano, trazendo uma religiosidade autenticamente Africana sem contradizer a Sunnah, até os combates contra reis hipócritas que capturavam e escravizaram muçulmanos e os malês que chegaram ao Brasil colonial... As lições que podemos aprender sobre muçulmanos africanos não cabe em um curto artigo.


Seguem algumas lições que todo o muçulmano brasileiro, independente da origem do sobrenome, pode aprender com a história dos muçulmanos africanos:



A seriedade no aprendizado do Alcorão


Diferente de outros livros, o Alcorão (do árabe Al Qur'an, ou "a recitação") não é a sua cópia física. Mesmo que todas as cópias fossem destruídas hoje, em poucas horas eles poderiam ser reescritos, graças aos esforços dos muçulmanos de preservá-lo através da memorização e recitação.

Em um Hadith famoso, quando perguntada como era o caráter do Profeta (que a paz de Deus esteja sobre ele), Aisha respondeu: seu caráter era o Alcorão. Em outra ocasião, ela disse que ele era o “Alcorão ambulante”.


Parte da educação corânica, como ocorria em regiões da África Ocidental, tinha como objetivo não somente em memorização, mas em tornar o estudante em uma cópia ambulante do Alcorão, fazendo com que ele absorvesse os ensinamentos do livro em seu caráter. E ainda na época colonial, o Alcorão chegou ao Brasil, mas não em papel. Ao contrário, ele chegou em nossas terras em carne e osso, acorrentado em navios negreiros. Milhares de muçulmanos africanos que chegaram as Américas eram hafiz - haviam memorizado o Alcorão -. Não obstante, além da dedicação ao Alcorão em geral, muitos desses homens e mulheres eram alfabetizados em seus idiomas de origem, enquanto a maioria dos senhores de escravos não sabia ler.



Dawah é ação, não discurso


Hoje, nós muçulmanos sofremos de má reputação. Porém, de pouco adianta utilizar os argumentos mais eloquentes para explicar a nossa religião, pois essa reputação se dá por existir uma desconexão entre a nossa prática e os ensinamentos religiosos.

De acordo com o historiador Rudolph (Belal) Ware, diferente do que aconteceu nas regiões ao norte, o Islam se espalhou do leste ao oeste africano não por conquista militar, nem por proselitismo. Pelo contrário, formaram-se grupos de muçulmanos africanos convertidos, que se dedicaram extensivamente a caridade, a medicina, a alfabetização de seus povos e — aos que quisessem aprender — ensino do Alcorão.


Não é a toa, até pouco tempo, diversos idiomas falados ao Sul do Saara - do Somali ao Hauçá, eram escritos no alfabeto árabe. O Islam se espalhou na região pelo benefício que esses educadores muçulmanos traziam as suas comunidades. Um exemplo famoso desses educadores foi uma mulher, Nana Asmau. Ela ficou famosa por criar uma irmandade (como elas se chamavam) de mulheres professoras, que viajavam e educavam outras mulheres. Ela era filha de Usman dan Fodio, que fundou o Califado de Sokoto após guerrear contra reis da região que participavam da captura e venda de pessoas escravizadas, com o princípio de que um muçulmano não deveria servir a ninguém, exceto a Deus.



ree

Nascida em São Paulo, Gabriela Amin é muçulmana, mãe em home office e redatora.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @agabiamin


 

Cadastre-se em nossa newsletter!

Rua Poetisa Colombina, 143

São Paulo, SP, Brazil 

Cep: 05593-010

Whatsapp +55 11 94214-2019

© 2024 by Hijab•Se

bottom of page