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BLOG

Por Manie El Khal, 27 de Setembro para o blog Hijab•Se

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Sabemos que o termo "Hijab" denota cobertura, tem a linda finalidade de nos fazer modestas e nos cobrir para desvendar uma face oculta do nosso interior e assim nos valorizar, ao invés de nos limitar a um valor meramente estético, como a sociedade tende a fazer. Maaaaas, quem foi que disse que a escolha pelo Hijab é sinônimo de não sermos estilosas? Pois bem, nos mantendo dentro das orientações de modéstia, podemos estilizar o hijab e a composição de looks de diversas formas. E já que a forma como nos vestimos pode ser utilizada como uma forma de expressão (onde o próprio Hijab fala por si, como um símbolo de liberdade, resistência, autoafirmação e muitas outras coisas), as composições de looks podem nos ajudar a comunicar nossa linguagem pessoal de forma inconsciente, ou simplesmente permitir que nós mesmas nos entendamos a partir disso. No post de hoje, traremos algumas dicas para você entender como a linguagem que algumas cores de Hijabs das nossas Coleções podem te auxiliar a comunicar sua própria essência e se expressar através da combinação dos seus Hijabs com a composição dos seus looks. Vamos lá!


Basics

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Todo guarda-roupa tem aquelas peças Coringa que são indispensáveis, cumprem qualquer proposta e combinam com absolutamente qualquer look, não é mesmo? Os Hijabs Black e Off White da Hijab-se atendem essa função muito bem, porém, seria um equívoco limitar essas peças apenas ao patamar de "básico". O preto e o branco são essenciais para a montagem de um guarda roupa de quem faz o uso do Hijab, entretanto, podem retratar muito além disso, por serem extremamente versáteis. A linguagem do look depende de você!


O nosso Off White pode ser usado para uma proposta mais diurna, com peças de tons também claros, ou uma linguagem mais profissional ou noturna, através do contraste com roupas de tons mais escuros. Já o Black pode ser o queridinho para um evento à noite, junto a outras cores e texturas que geram a impressão de requinte, ou até mesmo durante o dia, através do clássico P&B para um look minimalista, o preto absoluto, transmitindo elegância ou o contraste com cores vivas, gerando um look alegre, porém, sóbrio. Ambos podem ser uma ótima proposta para começar a usar o Hijab, para quem não quer chamar atenção para si, mas ainda assim com muita elegância.


Colorido Sóbrio

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Essas opções são perfeitas para quem tem muito estilo, mas não quer chamar muita atenção em determinado momento. Caem bem em qualquer situação, seja diurna ou noturna.


Nosso Caramelo traz consigo um tom de nude mais aberto, propondo delicadeza e trazendo vida ao look de forma sutil. Conversa muito bem com castanhos, cartela de nudes, tons claros, Off white e situações ao ar livre, sendo ótimo para um brunch com as amigas, por exemplo. Já com tons escuros, o Caramelo se sobressai equilibrando a composição com a raíz quente de sua tonalidade, criando assim um look formal e muuuuito elegante.


Nosso Jade consiste de um tom mais escuro da cor verde ciano, mais sóbrio. No entanto, sua sofisticação é nítida. Retratando a cor da pedra ornamental Jade, transmite a sensação de um conceito mais chique, e fica ótimo com tons claros para um almoço ou evento durante o dia, ou para uma festa ou jantar em que se queira adornar um pouco mais, ainda que de forma discreta.


Já o nosso Blush... Ficamos até ruborizadas em falar sobre ele. É a junção das características acima, mesclando um claro ar romântico próprio da cor com delicadeza e sofisticação. Uma ótima escolha para qualquer evento, seja profissional, familiar, com as amigas, com o marido ou até mesmo para o uso no cotidiano, seja de dia ou à noite.


Full Color

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Esses Hijabs falam por si! Fim do texto. Hahahah.

Brincadeiras à parte, essas opções são realmente um diferencial em qualquer look, situação ou momento. Seus tons vivos de cores quentes transmitem alegria e revitalizam qualquer composição, dialogando muito bem com outras cores, vivas ou sóbrias. Para um look mais alegre, ouse com um cartela de cores quentes na montagem do look. Para uma combinação mais equilibrada, opte pelo monocromático em tons claros, frios ou neutros.


Nosso Coral é uma cor democrática que combina muito bem com diferentes tons e subtons de pele, e com ele é possível fazer combinações muito interessantes. Cores análogas como o vermelho e complementares como o azul permitem uma mistura moderna. Combinações mais clássicas podem ser feitas com tons mais delicados de cinza e nude.

Já o Lipstick forma uma combinação infalível com o preto, o branco, ou ambos. Jeans e azul também casam perfeitamente. Outros tons de vermelho como o vinho e o bordô caem muito bem e tons neutros como o cinza e o bege traduzem uma linguagem equilibrada, moderna e elegante.


É um universo de infinitas possibilidades, o importante é traduzir da melhor forma o que queremos expressar através do look. Cada momento e situação pode pedir uma linguagem, mas a interna é a que prevalece e pode ser muito bem comunicada de diversas maneiras através de um único Hijab.


E você? Qual sua combinação preferida? Conta pra gente!

Aproveitem essas dicas e não se esqueçam de compartilhar conosco seus looks favoritos montados com o seu Hijab-se. ♥


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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte.

Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

 

Atualizado: 16 de ago. de 2020

Por Manie El Khal, 9 de Agosto para o blog Hijab•Se

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Sustentabilidade... Assunto complexo, muito discutido nos últimos anos, com uma gama de informações e aspectos a se considerar e principalmente: urgência em ser implementado. Mas como tudo começou? Como tem sido desde então? Para onde estamos caminhando? O que podemos fazer para ajudar? Vamos refletir juntos a seguir.


Panorama Histórico sobre o Tema


Começou-se a falar de sustentabilidade na Moda e consequentemente em temáticas similares também de modo muito recente, comum ao Movimento Moderno pelo Meio Ambiente. A primeira aparição do tema na literatura didática aconteceu em 1962, em "Silent Spring", uma publicação feita por Rachel Carson, o que influenciou fortemente o debate acerca do impacto social e ambiental da moda desde então.


A partir disso, passou-se a existir um maior número de estudos sobre os efeitos negativos das Atividades Industriais de modo sistêmico e o conceito de Desenvolvimento Sustentável entra em cena em 1987 visando a mitigação de tais efeitos. Dessa forma, tais conceitos passam a ser trazidos para dentro dos contextos produtivos das Marcas no final dos anos 90 e decorrer dos anos 2000, principalmente através da busca e implementação de materiais alternativos menos prejudiciais ao ambiente. Através disso, criou-se uma conexão do Desenvolvimento Sustentável e a preocupação com o meio ambiente com outros movimentos, discursos e conceitos. Vamos entender a seguir o por quê disso:



O Mal do Milênio


Contextualmente, como abordamos outras vezes, temos em questão uma Sociedade globalizada, capitalista, com fortíssimos efeitos da Revolução Industrial e consumo exacerbado. A geração de resíduos é proporcionalmente crescente, para o qual em sua maioria não é dado o devido manejo, e assim, além dos impactos negativos de contaminação da natureza e de pessoas, ainda existe o esgotamento por exploração de recursos naturais renováveis e não renováveis, agredindo o meio ambiente de diversas maneiras em tais processos. A moda, como tantos outros, é um setor que compartilha disso, muitas vezes em toda sua cadeia produtiva.


Alguns exemplos se dão através da produção exagerada nesse setor: por conta da facilidade de produção de processos industrializados, produz-se então uma variedade enorme de produtos para todas as demandas. Pelo lado do consumidor, cria-se o desejo de ter sempre uma nova peça — o que é estimulado pelo grande Marketing apelativo, embelezamento das peças e estratégias de venda — e com isso, tem-se a necessidade constante do novo para gerar as mais variadas combinações dos mesmos produtos. Além do próprio Marketing, existe algo ainda mais forte atuando na equação: a ideologia de desenvolvimento, riqueza e "primeiro mundo", que alimenta tal Sistema desde suas origens até os dias atuais, cada vez mais.


Dessa forma, muitas(os) de nós para pra pensar: "vou comprar de acordo com a necessidade", mas o que fazer quando a necessidade acaba por ser frequente, tendo em vista que muitas das roupas são feitas estrategicamente com o intuito de servir por um período limitado, em que a menor durabilidade garante que o comprador vá consumir novamente? Enquanto isso, o meio ambiente continua sendo degradado sem a menor condição para se regenerar, porque em todos os lugares e para todos os setores e serviços do ser humano se utilizam e se agridem as riquezas naturais incessantemente, o que em grande parte não é diferente com a Moda, apesar dos grandes avanços nesse setor por parte das marcas quanto à preocupação em se ser eco-friendly (ecologicamente amigável, pouquíssimo a nada agressivo ao meio ambiente).



Movimento x Modismo


Com o crescimento da pauta de modo geral na Sociedade entre compradores e a manifestação de marcas levantando a bandeira da Sustentabilidade, — através de por exemplo, o Fashion Revolution, que fortalece a pauta no Brasil desde 2014 discutindo soluções sustentáveis para a moda —, muitas outras marcas e personalidades alimentam o sistema ao qual se opõe o Movimento enquanto carregam o discurso de serem ecologicamente e corretos, e isso tem nome: Greenwashing. O Greenwashing nada mais é do que a apropriação desse discurso de forma a ganhar a aceitação do mercado e potenciais clientes, além de agregar valor completamente falso à marca, quando na realidade não existem por meio dela quaisquer medidas em defesa ao meio ambiente ou minoração de problemas ambientais, sendo muitas vezes não só omissas, como contribuintes com toda a problemática.


Contudo, felizmente, nem só de propaganda enganosa vive o mercado. O aumento na conscientização acerca do assunto assim como a demanda por marcas ecologicamente corretas por meio dos consumidores tem sido significativamente crescente nos últimos anos, o que tem sido tão grande quanto o número de marcas que passaram a buscar melhores formas de atender o urgente apelo da natureza e do ativismo dos clientes, risos . Isso não significa deixar de produzir, tampouco deixar de consumir, apenas ir de encontro com a forma mais saudável de fazê-los: com consciência, responsabilidade e transparência.



Sustentabilidade Ética


Pela integração do movimento com vários outros, vale ressaltar que o termo Sustentabilidade não tem somente a ver com natureza e meio ambiente, tendo uma conceituação muito mais ampla. A cadeia produtiva dos produtos que utilizamos no dia-a-dia, nesse caso, nossas roupas é complexa e problemática de múltiplas formas, e cada um desses aspectos deve ser contemplado. Exemplo disso é a exploração da mão de obra barata ou devo dizer escrava? —. Isso lamentavelmente não é raro e está mais próximo e presente do que pensamos. Muitas das grandes marcas que conhecemos e consumimos sem conhecer os bastidores carregam essa culpa, inclusive o modelo de mercado Fast Fashion, que garante relativa acessibilidade em suas peças em função do trabalho escravo de alguém que se submete a condições completamente inviáveis de uma demanda altíssima — e pesada de trabalho, trocando sua energia e saúde física e mental por um preço mínimo, ou até mesmo simplesmente em troca de recursos básicos como alimento e moradia e vai por mim, nas piores condições . O número de marcas envolvidas em escândalos desse tipo é assustador.


Por fim, ouvimos tanto falar de Sustentabilidade por aí, que para muitos pode até soar chato. Para outros, é um simples modismo. E para nós, é algo que precisa ser discutido com ainda mais força e estrutura, pois é urgente. Esse é um tema complexo, envolve muito além do que apenas um discurso e não só pode, como deve ser feito muito mais do que tem sido por essa causa. Esse processo envolve a escolha de materiais menos agressivos como os orgânicos —; reuso de recursos — como a água — nas etapas de produção de peças, assim como a utilização de energia renovável; criação de coleções menores como coleções cápsula , produção mais lenta, transparente e saudável e a preservação dos direitos trabalhistas ao provedor da mão de obra, garantindo ao trabalhador não só o pagamento justo por seu serviço, como condições saudáveis para execução do mesmo. Essas são apenas algumas das possíveis e necessárias medidas a serem implantadas com urgência, sendo valores dos quais a Hijab•Se preza e principalmente, algo que podemos encher a boca — e o coração — de orgulho mais uma vez ao lembrarmos que são valores que o Islam tem pioneiramente pregado e respeitado há mais de 14 séculos, desde a sua fundação e muito antes de qualquer tendência secular politicamente correta. (:


E você, cara(o) leitora(o)?

Compartilhe com a gente sua experiência com a Sustentabilidade, seja na moda ou na vida, para que possamos aprender juntos. Compartilhe também com quem te rodeia o que aprendeu aqui, para que essas reflexões por uma Sociedade Sustentável reverberem cada vez mais, assim como seus resultados.


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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte.

Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.

Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

 

Por Manie El Khal, 26 de Julho para o blog Hijab•Se

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Quando pensamos em "Halal" logo nos vem à cabeça algo relacionado ao que é lícito dentro do Islam, ou a algo que é permitido comer, não é mesmo? Embora essas sejam as pautas mais faladas no que se refere ao Halal hoje em dia, o conceito de Halal engloba muito mais do que se parece, sendo um estilo de vida completo.

O estilo de vida Halal é baseado nos princípios da fé islâmica e é composto por diretrizes básicas que devem ser aplicadas em cada aspecto de nossas vidas, sendo o Islam uma fé holística e que nos proporciona orientações para qualquer questão, seja ela individual ou social, de forma atemporal e acessível a qualquer sociedade e cultura. Ou seja, ao tratarmos disso nos referimos ao próprio estilo de vida islâmico, em que princípios básicos de bondade, respeito, justiça, equidade, sabedoria e outras virtudes devem ser presentes em todos os assuntos. Além disso, em questões específicas existe a preocupação com pureza, higiene, segurança e sustentabilidade, entre outros. Vamos refletir um pouco sobre isso a seguir.


Acessibilidade e Completude do estilo de vida Halal

Ao contrário do que se parece, levar um estilo de vida Halal é muito simples, embora seja de conceituação mais complexa do que normalmente lhe é dada. Fazer essa escolha nada mais é do que prezar por decisões conscientes e direcionadas por virtudes, além de visar a saúde e preservação do meio ambiente e tópicos como até mesmo igualdade social, empatia e caridade, desenvolvimento e garantia de direitos humanos, trabalhistas, animais... como é ressaltado pela fé islâmica . Infelizmente, não existe nenhum país no mundo que aplique legitimamente a Legislação Islâmica que é tida pela falta de conhecimento como um bicho de sete cabeças, machista, violenta... e por aí vai, como é fomentado pela manipulação midiática. Se houvesse, tal país seria regido através dos princípios positivos e necessários citados acima, sempre em busca do bem estar social como um todo, desenvolvendo de forma exemplar uma sociedade igualitária, resiliente, justa, consciente e sustentável. Socialmente, isso inclui a forma que a Indústria é liderada, um Sistema Econômico limpo, maior Vigilância Sanitária, Controle de Qualidade mais rígido, inciativas de preservação à natureza, leis mais justas e reversão de impostos 100% a favor do cidadão, entre muitas outras coisas. Embora não exista um país 100% regido por tais princípios, alguns dos países de maioria islâmica buscam implementá-los com iniciativas em conjunto à sociedade ou por demanda dela , tornando essa opção mais acessível a todos. Mas seja lá qual for a postura do país, pouco importa: a escolha pelo Halal está dentro de cada um de nós.


Halal Lifestyle no Ocidente

O estilo de vida Halal é uma escolha que deve nos acompanhar como muçulmanos em cada setor de nossas vidas, o que não depende de qualquer circunstância externa, apesar de possivelmente ser influenciada por tal. Obviamente, é uma jornada única de cada um e deve ser praticada de forma natural, com a plena compreensão de que com ela, levamos uma vida mais saudável, respeitosa ao meio ambiente, aos animais e à vida alheia. São os mesmos princípios que devem ser observados numa escala social, independentemente de como o próprio país é regido. No Islam, acredita-se que devemos seguir a Lei do país em que se vive, e o estilo de vida Halal não vai de forma alguma contra isso, entretanto, questiona políticas corrompidas e filtra-as em nossos comportamentos na escala pessoal. Se sabemos que algo não é correto e que existem males para isso, simplesmente não aderimos e como indivíduos e cidadãos em uma Democracia, temos o direito de nos expressar sobre e de nos abster disso .


No que isso entra, por exemplo? Vivemos em uma sociedade globalizada, industrializada, que visa o lucro e o poder, consumista, extremamente marcada pela corrupção em qualquer escala hierárquica e que é abusiva às minorias, às mulheres, ao meio ambiente... . O estilo de vida Halal nos dá diretrizes de como lidar com isso e nos orienta a nos abster de qualquer coisa que alimente esse sistema insalubre e fortemente nocivo. Como dito anteriormente, não existe país que siga isso à risca, mas onde a demanda pela população é mais significativa, existe uma facilidade relativamente maior quanto ao acesso a certas coisas, mas o que não nos impede de fazer essa escolha no Ocidente, lidando com isso de forma alternativa o que inclusive, por sua relativa dificuldade nos garante ainda mais recompensas pelo esforço, inshaAllah (se Deus quiser) .



No que isso se aplica em nossas vidas?

Literalmente tudo. Risos. É natural que como muçulmanos desenvolvamos em nós o senso do que é o mais próximo do correto e o que pode ser eventualmente prejudicial, e assim vamos tomando nossas decisões. Isso vai desde o que consumimos à forma com a qual consumimos; ou ao tipo de produtos que compramos e às indústrias que ajudamos a crescer; à maneira que fazemos negócios e nossas transações bancárias livres de usura e até mesmo às nossas ideologias, como nos expressamos e os movimentos que apoiamos ou causas que defendemos. Isso inclui o que não é tangível, como nossos valores e comportamentos e consequências disso, mesmo que isso se refira apenas à nossa própria vida pessoal. Esses parâmetros nos ajudam a amadurecer um senso crítico e perceber se algo é apropriado ou não, pois mesmo que algo seja permitido, pode ser que não seja o ideal em determinada situação.


Em tese, algo Halal é algo lícito pelo Islam e que tem raízes comuns à pureza. Há muito mais opções de Halal do que coisas proibidas dentro da fé e não devemos tomá-la como algo quadrado e uma lista de "pode" e "não pode". Isso deve ser uma forma de levar a vida de modo mais leve e consciente em uma sociedade em que o acesso ao que é tóxico é livre e as opções negativas mascaradas e encobertas por belos discursos são infinitas. Por isso, quanto às formas de vestir, opções de lazer, produtos a se consumir e etc., é só usar a criatividade e se atentar aos pequenos detalhes na hora de escolher, fazendo assim boas e conscientes escolhas.


Em países em que somos minoria, pode ser um desafio encontrar produtos que se adequem às nossas necessidades e restrições, mas com um pouco de organização e união das comunidades muçulmanas pelo país, é possível mostrar essa demanda ao mercado e facilitar o acesso a produtos mais limpos em sua forma de produção. Vale ressaltar que um produto certificado como Halal deve ser investigado, tal como o órgão certificador, pois isso não necessariamente engloba toda a cadeia de produção. Seguem a seguir alguns exemplos de reflexões sobre o assunto.



Alimentação Halal: saúde, sustentabilidade e caridade


As diretrizes alimentares dentro do Islam são poucas, mas bem significativas. A alimentação ideal é uma alimentação saudável, higiênica, livre de componentes tóxicos em sua produção ou alimentos modificados geneticamente. Isso contraria os processos da Indústria com produção em massa e produtos com diversos componentes químicos, corantes e conservantes. Isso também foge da lógica de produção forçada da natureza, que gera um solo comprometido em que sempre existe o uso exacerbado de pesticidas e agrotóxicos nos produtos naturais. Fugindo disso, visa-se a produção lenta, natural e saudável de alimentos igualmente benéficos e consequentemente preservando a saúde de pessoas e animais que consomem deles e estimulando um consumo equilibrado.


É necessário compreender que o consumo deve estar em coerência com a necessidade, evitando-se o excesso. O Profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele) nos orientou sobre visualizar o estômago em três partes, reservando 1/3 para o alimento, 1/3 para a bebida e permitindo que 1/3 se mantenha vazio para a respiração, evitando a letargia e outros problemas consequentes de uma alimentação excessiva. Além de ser um excelente hábito alimentar, ainda nos impulsiona a dividir do que temos com aqueles que não tem.

"Não é um crente aquele que dorme com o estômago cheio enquanto seu vizinho está com fome."

Profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele)


Dentro dos alimentos de consumo proibido estão a carne suína, a carniça, animais carnívoros, sangue e o álcool. Quaisquer traços ou derivados disso também são proibidos. É permitido consumir peixe, carne vermelha e de frango, porém isso deve levar em conta não só um processo de abate humanitário humanitário de verdade, não aquele de mentirinha que a Indústria faz para Marketing que evita que o animal sofra, como também deve preservar a dignidade do animal durante toda a sua vida, permitindo que ele cresça livremente, seja cuidado e alimentado da forma ideal e natural e eventualmente abatido longe de outros animais de forma rápida, cuidadosa e sem assustá-lo, exclusivamente para fins alimentares. Vale ressaltar que a dieta que o Profeta levou durante sua vida e a dieta encorajada a nós não tem como base a carne, o que mais uma vez bate na tecla de um consumo consciente e na preservação da vida animal de maneira digna.


Quando procuramos o termo "Halal" em qualquer plataforma de busca, surgem infinitos resultados sobre certificação de produtos alimentícios lícitos para consumo de uma dieta baseada em princípios islâmicos. No Brasil e em toda América Latina, essa certificação é feita pela FAMBRAS Halal e segue normas internacionais e de outros órgãos islâmicos. É possível encontrar no Site uma lista com marcas que possuem o Selo de certificação, porém, não significa que todos os produtos de determinada marca sejam de fato Halal, então se atente a cada produto e faça uma busca mais profunda sobre os valores e processos de produção da mesma.



Indústria de Moda & Cosméticos


Ao contrário do que muitos pensam, a mulher muçulmana pode sim explorar os artefatos de moda e beleza. A única diferença é que filtramos as intenções por trás disso e repensamos a forma com a qual aplicamos isso em nossas vidas. O expectador do cuidado feminino deixa de ser o outro e o público externo e passa a ser nós mesmas e aqueles mais próximos de nós. Assim, redirecionamos o olhar do outro para o nosso interior e o nosso valor deixa de ser definido por mãos e conceitos alheios.


Mais uma vez, aqui se aplicam os valores de higiene, saúde, sustentabilidade, consumo consciente... além das orientações específicas em função da Modéstia —. Mas de que forma se aplicam? Simples, qual é a composição de cada um dos cosméticos ou roupas que compramos? (Existem Websites e Apps sem fins lucrativos que mostram a composição completa dos produtos e o efeito delas sobre o nosso corpo, como o COSDNA e o Environmental Working Group); Eles fazem mal à saúde de alguma forma? Esse produto utiliza algum ingrediente nocivo ou ilícito em formulação ou processamento? Para produzir esse produto algum animal ou a natureza foram prejudicados? Precisamos mesmo desse produto específico ou estamos comprando impulsivamente? Ao renovar nosso guarda roupa acumulamos roupas que não usamos ou passamos elas em bom estado para quem precisa mais delas? Quem produziu essas roupas? Essa marca utiliza mão de obra escrava e/ ou mantem seus trabalhadores em condições desumanas de trabalho? Essa marca compactua com valores negativos ou polêmicos e/ ou está envolvida em algo do tipo? E por aí vai.


Em resumo, é simples: em tudo na vida, evite um comportamento automático e se questione até chegar à melhor conclusão sobre a escolha correta, mais ética e mais saudavelmente consciente. Por que é tão importante ter essa atitude? 1. Dormiremos tranquilas sabendo que fizemos a coisa certa. 2. Estaremos fazendo nossa parte em tornar esse mundo um pouco melhor. 3. Estaremos cuidando da nossa saúde e bem estar e da saúde, tais como de outras pessoas e da natureza. 4. Estaremos enfraquecendo um sistema altamente nocivo e em seu lugar, apoiando marcas que se preocupam com os mesmos valores de base. 5. Estaremos sendo recompensadas por essa atitude e encorajando outras pessoas a terem a mesma postura. Em conclusão, viver de forma Halal é a melhor e mais leve forma de viver em coerência com nossos princípios de fé e simultaneamente cuidar do mundo, em que cada escolha é gratificante, transformadora e impactante, cujos frutos colheremos alegremente, seja aqui, ou em uma dimensão melhor.

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Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e Colunista Oficial da Hijab•Se. Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte.

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