top of page
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon

Banana Republic Lança Linha de Hijabs

  • Foto do escritor: Manie
    Manie
  • 2 de ago. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 31 de jul. de 2020

Por Manie El Khal, 2 de Agosto de 2019 para o blog Hijab • Se

A Hijab•Se recentemente compartilhou com suas seguidoras nas redes sociais uma notícia que deixou muitas de nós, mulheres muçulmanas, muito felizes. A marca americana Banana Republic recentemente lançou uma linha de hijabs – hijabs reais que vão além de lenços convencionais ou encharpes que nós mesmas adaptamos para a função, pensados especialmente para mulheres muçulmanas –.

A linha conta com hijabs em dois tipos de tecido e quatro cores, exibidos pela modelo afro-americana Fatuma Yusuf. Enquanto isso foi um grande passo para o nosso reconhecimento, valorização de nossas demandas como consumidoras e uma forma de dupla representatividade – com uma modelo negra e muçulmana – nem todos receberam a notícia com animação.


Dessa vez, o foco da discussão não foi o véu em si – que a modelo aparece usando da forma tradicional cobrindo o colo e também estilizando-o como turbante –. A polêmica se deu em volta da maneira que as imagens publicitárias retratavam o hijab através do que a modelo vestia: blusas com a manga acima dos cotovelos – com os braços aparentes – e principalmente: um vestido – de mangas três quartos, relativamente curtas – com fendas laterais exibindo parte de suas pernas.


Melanie Elturk, criadora da marca Haute Hijab de New York, foi uma das primeiras figuras públicas a comentar sobre o assunto, simultaneamente aplaudindo à Banana Republic pela iniciativa e esforço da marca para atender às hijabis e fazendo uma crítica relativa ao modo como a linha foi retratada, alegando que a inclusão deve ser referente somente ao interesse das mulheres muçulmanas em serem consumidoras, mas também a respeito da forma de vestir, em relação ao qual ela menciona que “existem orientações para o hijab além de apenas cobrir o cabelo”.


Elturk teve suas considerações compartilhadas no blog da Vogue Arabia, amplificando assim a repercussão sobre o assunto, que deu muito o que falar nas redes sociais. Em questão de poucas horas a Banana Republic se manifestou, removendo as imagens anteriores e adaptando-as com recortes da maneira mais ideal. Em relação à resposta da marca, Melanie mostrou gratidão e ressaltou um ponto muito importante: “Impressionante, certo? Nós, como comunidade, nos reunimos, vimos algo errado e consertamos com nossas mãos e palavras. Da mesma forma que somos ensinados a fazer como muçulmanos.” O que de fato é algo lindo de se ver, desde que isso seja feito como a própria Melanie menciona: com apreciação pelo esforço alheio e gentileza ao abordar as exigências.


Por outro lado, muitos internautas consideraram sua crítica uma forma de racismo camuflado, visto que a Haute Hijab também já fez fotos de publicidade da própria marca onde as modelos não se encontravam vestidas totalmente de acordo com as diretrizes do Hijab. Entretanto, a crítica feita por Melanie Elturk se referia à não consideração de opiniões de muçulmanas por parte da Banana Republic na concepção publicitária da linha, que segundo ela, “levariam apenas alguns encontros e uma consulta com uma marca ou grupo de muçulmanas para aconselhar a fim de fazer o que é certo e respeitar nossos valores”. A criadora da Haute Hijab também se preocupou em defender a modelo Fatuma Yusuf dizendo que ela muito provavelmente não teve suas contribuições ouvidas nesse processo, apesar da marca fazer com que parecesse que Yusuf tivesse montado seu próprio look – o que faz a hipótese sobre a crítica ser racista cair por terra –. Além disso, em sua crítica, Elturk havia mencionado situações prévias similares que incluíam modelos brancas, como o caso da linha de abayas da Dolce & Gabbana que exibia as pernas das modelos com abayas curtas na publicidade.

ree

Em sua defesa, Melanie Elturk se expressou na manhã de ontem, 31 de julho, através do blog da Haute Hijab, alegando a melhor das intenções ao fazer a crítica:


“Claro, eu tenho defeitos como o resto de vocês. Sim, eu arregaço as mangas de vez em quando. O jeito que eu uso meus hijabs quadrados faz com que você possa ver algo dos meus cabelos na parte da frente. Mas jogar essas coisas na minha cara quando estou tentando lutar por uma causa nobre é desconcertante para mim. Claro, críticas construtivas são sempre bem vindas, mas, neste momento, vamos nos unir em direção a algo que eu espero que todos nós, como comunidade, possamos obter: responsabilidade corporativa por uma marca que busca lucrar conosco. Eles têm todo o direito de estar na arena, mas primeiro vamos nos certificar de que eles tenham o equipamento certo. Vamos lhes dar as ferramentas para falar autenticamente à nossa comunidade. Por que não os educar no contexto e impulsioná-los para serem melhores?"


Desse episódio existem muitas lições a serem absorvidas. Gradativamente passamos a ser reconhecidas por marcas que admiramos; mulheres muçulmanas são de grande potencial consumidor e o mercado busca lucrar com isso, o que muitas vezes será o foco escondido por trás da máscara de representatividade e inclusão. Quando virmos algo errado, devemos nos expressar e cobrar mudanças, especialmente quando isso coloca nossos princípios religiosos em jogo; nossa união é essencial e faz a diferença. O racismo não tem lugar entre nós, principalmente como muçulmanas, onde somos ensinadas pelo Profeta Muhammad (que a paz de Deus esteja sobre ele) que “não há virtude de um árabe sobre um estrangeiro nem de um estrangeiro sobre um árabe, nem de uma pele branca sobre a pele negra nem de uma pele negra sobre a pele branca, a não ser pela justiça.” E por último, porém não menos importante: ninguém é perfeito, de fato. Todos nós temos nossos altos e baixos e não faz de nós hipócritas buscar corrigir um erro alheio que já cometemos no passado quando temos as intenções corretas e aproximamos a situação com carinho. Estamos todas na mesma jornada, buscando os direitos de igualdade à todas, tentando ser melhores individualmente e em sociedade. Desde que vivamos esse princípio, nunca nos esqueçamos disso e tenhamos compaixão, seremos uma comunidade de mulheres sustentáveis que levantam umas às outras. E dessa forma, seremos como a luz: que é reconhecida por tudo o que toca e ilumina a todos ao seu redor.

ree

Manie El Khal é ‬Designer de Interiores, estudante de Arquitetura & Urbanismo e colunista da Hijab • Se.

Mineira e descendente de marroquinos, ‬atua como professora, palestrante, orientadora para mulheres muçulmanas e não-muçulmanas na comunidade de Minas e trabalha como voluntária para a IERA em Belo Horizonte. Amante da fé e da arte, mescla-as para traduzir sua essência.


Conheça mais sobre sua história através do Instagram: @maghrebiyah

Comentários


Cadastre-se em nossa newsletter!

Rua Poetisa Colombina, 143

São Paulo, SP, Brazil 

Cep: 05593-010

Whatsapp +55 11 94214-2019

© 2024 by Hijab•Se

bottom of page